UM PASSEIO PELA EUROPA
Agora em novembro eu e Teresa estivemos na Europa. Foram dezesseis dias que passaram bastante depressa.
Não quero falar das grandes atrações turísticas. Quero falar de aspectos do dia-a-dia da população local, que pudemos perceber nesse breve período, como se fosse um encontro de culturas.
Alguns dos leitores devem se lembrar daqueles antigos livros didáticos brasileiros que descreviam as estações do ano. No outono, as folhas começavam a cair das árvores, que ficavam desfolhadas no inverno, cobertas de neve... Pois é, na Europa é assim. As ruas estavam cobertas de folhas, principalmente em Paris. Aí a gente vê de onde tiraram esse modelo, porque não tem nada a ver com um país tropical.
Passamos por Lisboa, demos uma volta pela cidade entre a chegada do Brasil (de manhã) e a partida para Roma (à tarde). Deu tempo de almoçarmos um bacalhau que, honestamente, ficou devendo. Mas ficou a sensação de que temos que voltar lá com mais tempo. O centro é todo calçado com pedras portuguesas. (Claro, né? Ora pois...). Pode parecer óbvio, mas lembro este detalhe porque nos faz sentir em casa, principalmente os cariocas.
Roma, Lisboa e Paris têm características em comum.
Como transporteiro não pude deixar de notar algumas. Os ônibus com piso no nível da calçada, sem roleta, com portas largas. Mães e pais entrando e saindo do ônibus com carrinhos de bebê, sem depender de ninguém. Telas no teto informando qual a próxima parada, e o tempo previsto de chegada no ponto final, ou em alguma estação importante. Este mesmo placar existe também nos pontos de ônibus, informando o tempo previsto de espera para cada linha. E o itinerário de cada uma está na parede dos pontos. Com mais ou menos recursos, essa informação ao usuário eu encontrei nas três cidades (Lisboa, Roma e Paris). E em várias línguas. Tudo isso com uma tarifa de 1 Euro (em Roma e Lisboa) e 1,50 Euro em Paris. Compare com as tarifas de ônibus de Brasília, por exemplo. Mais ou menos o mesmo valor em reais, com uma qualidade infinitamente superior.
Outra coisa são os semáforos de pedestre. Eles ficam verdes pra gente atravessar, mas os carros só param na faixa se tiver gente atravessando. Se não tiver (ou até você chegar na frente deles), eles não param. No começo dá um pequeno pânico, mas depois a gente se acostuma. E os motoristas dirigem muito mais tranqüilos do que os daqui, o que permite uma ordem nos cruzamentos e praças mais caóticos. Todo mundo dá passagem pra todo mundo, com uma ou outra buzinada.
No Brasil, patinete é brinquedo de crianças e adolescentes. Em Paris, adultos andam de metrô com ele debaixo do braço, saem da estação já patinando, indo para o trabalho. E na Av. Champs Élysées não é difícil encontrar gente de terno e gravata andando de patins às 6 da tarde saindo do serviço. É a integração modal do transporte individual (os transporteiros sabem do que estou falando).
É notável a presença negra na população, nas ruas. Tudo bem que Paris já foi capital de um império colonial, o que atrai árabes do Magrebe e negros da África Equatorial para tentar a vida por lá. Lisboa então, com a presença de angolanos, moçambicanos, caboverdianos, etc. há muito tempo incorporou a presença negra em suas ruas. Mas a negritude está presente também em Roma. Uma campanha de saúde pública na TV italiana utiliza uma modelo negra, com o bebê no colo. Não me lembro de ter visto uma campanha assim nem aqui no Brasil...
Alimentação não é barata, para os nossos padrões. O cafezinho (expresso) sai por dois ou três euros, o capuccino por quatro. Mas o interessante mesmo é a água mineral. Viva a água do Brasil! A de lá é salobra. Uma boa água mineral (igual à nossa) sai por uns 5 euros a garrafa de 1 litro. Mas o vinho de mesa (melhor que o nosso...) sai por 3 Euros. Daí se consumir mais vinho do que água mineral por lá. E o clima, também, ajuda.
Achei os livros mais baratos que os daqui. Os preços são tabelados, vêm impressos na contracapa, é só olhar. E as edições de bolso são um sucesso. Lê-se no ônibus, no avião e vi uma moça lento até em vagão de metrô lotado, e o livro não era de bolso não, era um calhamaço. Devia ser alguém fazendo mestrado em alguma coisa.
Nos grandes pontos turísticos encontramos caravanas de orientais. E, também, muitos brasileiros. Em qualquer fila, praça ou museu ouvíamos nossa língua e nosso sotaque. Viva a prosperidade nacional!
No outono europeu o estranho é ver o sol nascer só às 8 da manhã e ir embora às 5 da tarde... Tomávamos café da manhã e jantávamos no escuro.
Não quero falar das grandes atrações turísticas. Quero falar de aspectos do dia-a-dia da população local, que pudemos perceber nesse breve período, como se fosse um encontro de culturas.
Alguns dos leitores devem se lembrar daqueles antigos livros didáticos brasileiros que descreviam as estações do ano. No outono, as folhas começavam a cair das árvores, que ficavam desfolhadas no inverno, cobertas de neve... Pois é, na Europa é assim. As ruas estavam cobertas de folhas, principalmente em Paris. Aí a gente vê de onde tiraram esse modelo, porque não tem nada a ver com um país tropical.
Passamos por Lisboa, demos uma volta pela cidade entre a chegada do Brasil (de manhã) e a partida para Roma (à tarde). Deu tempo de almoçarmos um bacalhau que, honestamente, ficou devendo. Mas ficou a sensação de que temos que voltar lá com mais tempo. O centro é todo calçado com pedras portuguesas. (Claro, né? Ora pois...). Pode parecer óbvio, mas lembro este detalhe porque nos faz sentir em casa, principalmente os cariocas.
Roma, Lisboa e Paris têm características em comum.
Como transporteiro não pude deixar de notar algumas. Os ônibus com piso no nível da calçada, sem roleta, com portas largas. Mães e pais entrando e saindo do ônibus com carrinhos de bebê, sem depender de ninguém. Telas no teto informando qual a próxima parada, e o tempo previsto de chegada no ponto final, ou em alguma estação importante. Este mesmo placar existe também nos pontos de ônibus, informando o tempo previsto de espera para cada linha. E o itinerário de cada uma está na parede dos pontos. Com mais ou menos recursos, essa informação ao usuário eu encontrei nas três cidades (Lisboa, Roma e Paris). E em várias línguas. Tudo isso com uma tarifa de 1 Euro (em Roma e Lisboa) e 1,50 Euro em Paris. Compare com as tarifas de ônibus de Brasília, por exemplo. Mais ou menos o mesmo valor em reais, com uma qualidade infinitamente superior.
Outra coisa são os semáforos de pedestre. Eles ficam verdes pra gente atravessar, mas os carros só param na faixa se tiver gente atravessando. Se não tiver (ou até você chegar na frente deles), eles não param. No começo dá um pequeno pânico, mas depois a gente se acostuma. E os motoristas dirigem muito mais tranqüilos do que os daqui, o que permite uma ordem nos cruzamentos e praças mais caóticos. Todo mundo dá passagem pra todo mundo, com uma ou outra buzinada.
No Brasil, patinete é brinquedo de crianças e adolescentes. Em Paris, adultos andam de metrô com ele debaixo do braço, saem da estação já patinando, indo para o trabalho. E na Av. Champs Élysées não é difícil encontrar gente de terno e gravata andando de patins às 6 da tarde saindo do serviço. É a integração modal do transporte individual (os transporteiros sabem do que estou falando).
É notável a presença negra na população, nas ruas. Tudo bem que Paris já foi capital de um império colonial, o que atrai árabes do Magrebe e negros da África Equatorial para tentar a vida por lá. Lisboa então, com a presença de angolanos, moçambicanos, caboverdianos, etc. há muito tempo incorporou a presença negra em suas ruas. Mas a negritude está presente também em Roma. Uma campanha de saúde pública na TV italiana utiliza uma modelo negra, com o bebê no colo. Não me lembro de ter visto uma campanha assim nem aqui no Brasil...
Alimentação não é barata, para os nossos padrões. O cafezinho (expresso) sai por dois ou três euros, o capuccino por quatro. Mas o interessante mesmo é a água mineral. Viva a água do Brasil! A de lá é salobra. Uma boa água mineral (igual à nossa) sai por uns 5 euros a garrafa de 1 litro. Mas o vinho de mesa (melhor que o nosso...) sai por 3 Euros. Daí se consumir mais vinho do que água mineral por lá. E o clima, também, ajuda.
Achei os livros mais baratos que os daqui. Os preços são tabelados, vêm impressos na contracapa, é só olhar. E as edições de bolso são um sucesso. Lê-se no ônibus, no avião e vi uma moça lento até em vagão de metrô lotado, e o livro não era de bolso não, era um calhamaço. Devia ser alguém fazendo mestrado em alguma coisa.
Nos grandes pontos turísticos encontramos caravanas de orientais. E, também, muitos brasileiros. Em qualquer fila, praça ou museu ouvíamos nossa língua e nosso sotaque. Viva a prosperidade nacional!
No outono europeu o estranho é ver o sol nascer só às 8 da manhã e ir embora às 5 da tarde... Tomávamos café da manhã e jantávamos no escuro.
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